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COMO VOCÊ ESTÁ?

  • Foto do escritor: Natalia Nascimento
    Natalia Nascimento
  • 10 de set. de 2024
  • 2 min de leitura


No processo de luto, algumas feridas se abrem com coisas simples, uma forma que notei não apenas em minha vivência pessoal mas também ao conversar sobre é a pergunta: Como você está? Eu sempre achei esta pergunta interessante e relativa, atualmente é quase um comprimento cuja resposta não importa de fato. Automaticamente dizemos que estamos bem, mas será isso o que sentimos mesmo? Se apenas for dito que não está bem, gera confusão e desconforto.

No luto esta pergunta pode ser vivenciada de forma aversiva pois aquele indivíduo vem andando e seguindo com uma ferida aberta sem a possibilidade de curativos, esta pessoa não era bem e não há frase que mude isso, não há conversa que altere esse sentimento e acima de tudo não há o que conversar sobre isso.

Ao ser perguntado sobre a resposta de forma franca para além das questões sociais: Essa pessoa está dando pequenos passos, está forçando sorrisos que não sente e por vezes está mais irritada do que já esteve em toda a vida. Sente saudades do que viveu, do que deixou de viver e do que planejou viver.

Se encontra presa entre dois estágios: se nega a viver e se nega a pensar sobre. Se ausenta porque acredita que sua presença gera questões, empatia, pena, confusão e principalmente raiva. Esta raiva é toda pessoal, com o universo cujos planos ela não foi consultada, com o mundo que teve a audácia de continuar e com as pessoas que sorriem e que mesmo que brevemente se sentem felizes. Isso a irrita, é errado e injusto! Ela se ausentou porque o mundo e seus habitantes a irritam e não têm o que fazer para mudar.

Como está? Um pequeno passo de cada vez em um terreno úmido e com folhas mortas, na esperança de que ao continuar caminhando chegue em um ponto onde o cheiro de chuva a traga também conforto e as folhas no chão sejam um lembrete dos ciclos da vida, que a mesma possa olhar e reconhecer que o verão irá chegar e com ele o sol, para assim se permitir sentir e reconhecer que mesmo com a dor a todo um mundo a se viver. O luto é um processo que não existe regras nem tempo, é essencial se respeitar, se permitir viver este processo e se possível encontrar uma pessoa ou montar uma rede de apoio que possa te entender e estar ali para você em um momento tão difícil e doloroso.


 
 
 

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