Aceitação: Navegando pela vida com a Gestalt-Terapia
- Natalia Nascimento
- 15 de mai.
- 5 min de leitura

Imagine sua vida como um rio que segue seu curso, com trechos calmos e outros mais turbulentos. Você é o navegante dessa embarcação, aprendendo a lidar com as águas que encontra. A aceitação, na Gestalt-terapia, é a habilidade de ajustar as velas e o leme para seguir em frente, mesmo quando não podemos controlar o vento ou as correnteza. É um convite para estar presente, com coragem e gentileza, diante de tudo o que a vida traz.
O que é aceitação na Gestalt-Terapia?
Aceitar não significa desistir ou se conformar, mas reconhecer a realidade como ela é, sem lutar contra o que não pode ser mudado. É permitir que as emoções e situações existam sem resistência, abrindo espaço para o que pode ser transformado. Fritz Perls, fundador da Gestalt, nos lembra:
“A mudança ocorre quando a pessoa se torna o que ela é, não quando tenta se tornar o que não é.”
Esse princípio destaca a importância de nos conectarmos com nosso próprio ser autêntico, ao invés de nos esforçarmos para corresponder a expectativas internas ou externas. Sonia Cafardo, destaca que:
“Aceitar é estar inteiro na experiência, permitindo que o fluxo da vida aconteça, mesmo quando ele não corresponde ao que idealizamos.”
Aceitar é cuidar de si mesmo no presente, com atenção e respeito, mesmo diante das dificuldades. É um gesto de coragem que nos permite seguir adiante com mais leveza.
Você já sentiu que está lutando contra a corrente?
Muitas vezes, tentamos resistir às situações difíceis, como se remar contra a correnteza fosse a única saída. Essa luta constante pode ser exaustiva e nos afastar da paz interior que tanto buscamos. Jorge Ponciano Ribeiro, gestalt-terapeuta brasileiro, explica:
“A verdadeira aceitação é um movimento ativo de contato com a realidade, não uma fuga ou resignação.”
Essa resistência pode ser entendida como uma forma de evitar o contato genuíno consigo mesmo e com o ambiente, o que, segundo a Gestalt-terapia, é a fonte de muitos conflitos psicológicos. Ao invés disso, aceitar é reconhecer o que está fora do nosso controle e focar naquilo que podemos fazer para cuidar de nós mesmos, promovendo o autossuporte - a capacidade de caminhar pela vida com autonomia emocional. Esse processo envolve aprender a lidar com as emoções difíceis, sem se deixar dominar por elas, e a desenvolver uma postura dialógica, onde o cliente e o terapeuta constroem juntos um espaço seguro para a transformação.
Aceitação é um abraço que vem de dentro
Aceitar a si mesmo é um gesto de amor próprio que acolhe todas as partes do nosso ser – as luzes e as sombras, as forças e as vulnerabilidades. Carmem Bezerra ressalta:
“Acolher a si mesmo é o maior gesto de amor próprio. É a partir desse acolhimento que a mudança se torna possível.”
Quando aceitamos nossas emoções, inclusive as dolorosas, aprendemos a lidar com elas de forma mais saudável, sem nos afogar nelas. É um convite para nos tornarmos aliados de nós mesmos, reconhecendo que a autorregulação emocional depende do contato genuíno com o que sentimos no presente, sem julgamentos ou tentativas de controle excessivo.
Aceitação ou Resignação: Qual escolha você faz?
É comum confundir aceitação com resignação. Resignar-se é carregar um peso que nos prende, enquanto aceitar é escolher soltar o que não nos serve mais para seguir em frente. Pergunte-se:
Estou me sentindo preso ou consigo encontrar algum alívio?
Consigo olhar para mim com compaixão ou ainda me julgo severamente?
Estou disposto a experimentar e sentir o que a situação provoca em mim, ou estou fugindo e negando meus sentimentos?
Se a resposta indicar sofrimento contínuo, talvez seja hora de praticar a aceitação verdadeira. É um passo difícil, mas que abre caminho para a liberdade interior.
Como praticar a Aceitação?
Reconheça seus sentimentos: Permita-se sentir sem julgamentos, acolhendo cada emoção como parte do seu processo.
Observe o que está fora do seu controle: Aceite o que não pode ser mudado e libere a energia para focar no que depende de você.
Cuide de si mesmo: Busque apoio, pratique o autocuidado e respeite seus limites.
Seja gentil consigo: Troque a dureza da autocrítica pela compaixão e o respeito que você merece.
Esteja aberto a mudanças: Ajuste suas atitudes conforme o momento, sem pressa ou cobranças excessivas.
Aceitação pessoal: O desafio de ser quem você é
Aceitar-se é um processo contínuo de autoconhecimento e respeito à própria história. Sonia Cafardo afirma:
“Aceitar-se é um processo contínuo de autodescoberta e de respeito à própria história.”
Mas esse caminho não é simples. Muitas vezes, nos confrontamos com a dificuldade de reconhecer nossas imperfeições, medos e limitações, em meio a uma cultura que valoriza a perfeição e a produtividade. O desafio de ser quem você é envolve romper com padrões impostos e cultivar uma relação honesta e compassiva consigo mesmo. Isso inclui aceitar as próprias falhas e vulnerabilidades como parte legítima do ser humano, e permitir-se crescer a partir delas.
Além disso, ser autêntico implica lidar com a vulnerabilidade de se mostrar ao mundo e enfrentar o medo da rejeição. A Gestalt-terapia enfatiza que esse processo é fundamental para o desenvolvimento da autenticidade e da liberdade emocional, pois somente ao nos aceitarmos plenamente podemos estabelecer contatos verdadeiros e significativos com os outros.
Aceitação é Liberdade
Aceitar é libertar-se do peso de tentar controlar o incontrolável. Como diz a sabedoria popular:
“O melhor que se pode fazer quando está chovendo é deixar chover.” (Henry Wadsworth Longfellow)
Quando aceitamos, abrimos espaço para a transformação e para a paz interior. É um convite para viver com mais leveza, mesmo diante dos desafios, e para desenvolver a capacidade de estar em contato profundo com o presente, que é o que realmente temos.
Que tal iniciar sua jornada de aceitação?
Iniciar a jornada da aceitação é um convite para se reconectar consigo mesmo e com o presente, aprendendo a lidar com os desafios da vida de forma mais leve e autêntica. Não se trata de eliminar as dificuldades, mas de transformar a maneira como você se relaciona com elas, promovendo mais compaixão e verdade interior. Esse processo abre espaço para o crescimento, a criatividade e uma vida mais alinhada com seus valores.
Se você se identificou com essas reflexões e sente que é hora de olhar para si com mais acolhimento, a terapia é um espaço seguro para essa jornada. Na Gestalt-terapia, caminhamos juntos, explorando suas emoções, acolhendo suas dificuldades e celebrando suas conquistas.
Vamos ajustar as velas e seguir rumo a uma vida mais leve e autêntica?
Entre em contato e agende sua primeira sessão. Estou aqui para te acolher.
Referências Bibliográficas
Bezerra, C. (2012). O processo terapêutico na Gestalt-terapia. Summus Editorial.
Cafardo, S. (2010). Gestalt-terapia: teoria e prática. Vozes.
Perls, F. (1969). Gestalt Therapy Verbatim. Real People Press.
Ponciano Ribeiro, J. (2015). Gestalt-terapia: teoria e clínica. Artmed.
Brach, T. (2003). Radical Acceptance. Bantam Books.
Longfellow, H. W. (s.d.). Citação popular atribuída: “O melhor que se pode fazer quando está chovendo é deixar chover.”
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